CNI lidera missão empresarial aos EUA para discutir oportunidades e desafios em meio à nova política comercial americana 4112x
Diante da reformulação das práticas comerciais do governo dos Estados Unidos e da reorganização das cadeias produtivas no comércio global, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avança na estratégia de encontrar oportunidades e enfrentar desafios do novo cenário tarifário. De 8 a 16 de maio, a confederação lidera uma missão empresarial aos EUA para aprofundar o diálogo bilateral entre os setores público e privado e defender um ambiente de negócios mais integrado e competitivo. A delegação contará com empresários, presidentes de federações de indústrias, representantes de associações industriais e do governo brasileiro. 3j4j5x
“Brasil e EUA mantêm uma relação econômica sólida e estratégica, baseada em comércio, investimento e integração produtiva. Essa parceria foi construída ao longo de 200 anos. A CNI segue comprometida com a defesa do setor e pronta para contornar eventuais desafios e aproveitar as oportunidades. Nós levaremos aos Estados Unidos empresários que têm relação com o mercado americano, para aprofundar o diálogo público-privado entre nossos países e fortalecer a nossa relação econômica”, explica o presidente da CNI, Ricardo Alban, que chefiará a comitiva empresarial.
A agenda começa em Washington, onde governo e setor privado terão reuniões com pares dos Estados Unidos para discutir medidas de aproximação entre os países. Na ocasião, o setor produtivo brasileiro vai apresentar prioridades em um cenário de mudanças na política comercial americana.
Em Nova York, a delegação terá encontros com diplomatas e especialistas para discutir os impactos da onda de protecionismo e tensões geopolíticas sobre o Brasil. No dia 13, a CNI e o jornal Financial Times organizam um seminário sobre economia verde e liderança brasileira na transição para a economia de baixo carbono.
No dia 14, o presidente da CNI, Ricardo Alban, é um dos palestrantes da 4ª edição do Brazil Summit, também organizada pelo Financial Times, na qual falará dos desafios e oportunidades para o país avançar na agenda de sustentabilidade.
A missão termina em Boston, onde os representantes brasileiros participarão de um briefing sobre inteligência artificial e transição energética no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e de uma visita ao campus da Universidade de Harvard, entre os dias 15 e 16 de maio.
Escalada de medidas tarifárias dos Estados Unidos movimentou o mundo
Desde o início do ano, o governo dos Estados Unidos retomou a política comercial America First, com mais pressão na economia internacional, e implementou medidas que atingem diretamente o comércio exterior brasileiro, como a tarifa adicional de 10% sobre as importações brasileiras e as tarifas ainda maiores impostas em alguns casos, como as de 25% sobre as importações de aço e alumínio. As medidas protecionistas deixaram em alerta o Brasil, que é um dos principais fornecedores desses produtos para os EUA.
Além disso, os Estados Unidos têm travado uma queda de braço com a China desde que o país respondeu à altura às medidas tarifárias anunciadas. As duas nações adotaram uma série de firmes retaliações — como tarifas americanas para importar alguns produtos chineses que chegaram a 245% — e, nos últimos dias, o comércio global sente novas movimentações com acenos dos dois países sobre possibilidades de negociação.
Ao mesmo tempo em que a reorganização de cadeias produtivas pode beneficiar alguns setores brasileiros, riscos de redirecionamento de importações vindas de outras economias alertam outros setores. Nesse cenário em transformação, a CNI tem atuado com estratégia, com monitoramento das tarifas e ferramentas para avaliar impactos sobre exportações e importações; institucionalmente, articulando junto ao Congresso a modernização de instrumentos jurídicos para reagir a práticas comerciais unilaterais e coordenando posições com o governo brasileiro; e mobilizando a indústria para dialogar diretamente com os setores público e privado dos EUA, com a missão empresarial desta semana.
Comércio de bens e serviços teve saldo de US$ 256,9 bi para os EUA na última década
O comércio bilateral é marcado por um superávit estrutural para os EUA. Na última década (2015-2024), o saldo positivo acumulado foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens e de US$ 256,9 bilhões somando o comércio de bens e de serviços. Vale ressaltar que os EUA não registram déficit comercial com o Brasil há mais de 15 anos, posicionando o país como uma das poucas grandes econômicas que contribuem para reduzir o déficit comercial americano.
A integração produtiva entre as indústrias americanas e brasileiras impulsionam significativamente a criação de emprego e renda nos dois países. Nos últimos cinco anos, o comércio de bens entre Brasil e Estados Unidos somou US$ 246,7 bilhões em bens intermediários (insumos industriais), representando 57,5% do total, com superávit de US$ 10 bilhões para os EUA.
Os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais e estratégicos do Brasil. De acordo com dados elaborados pela CNI com base em estatísticas da ComexStat, em 2024 as exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 40,4 bilhões — um crescimento de 9,4% em relação ao ano anterior. Já as importações alcançaram US$ 40,7 bilhões, 7,1% a mais do que em 2023. Nos últimos dez anos, a indústria de transformação respondeu por mais de 80% das exportações brasileiras ao mercado americano.
Estados Unidos são o principal investidor no Brasil
A relação também é marcada por forte intercâmbio de investimentos. Os EUA são o principal investidor no Brasil, totalizando mais de US$ 350 bilhões em 2023, com destaque para os setores de comunicações, automotivo, petróleo e gás, serviços financeiros e energias renováveis. O país norte-americano também foi o principal destino dos investimentos brasileiros no exterior, somando US$ 22,1 bilhões em 2023, com atuação significativa nos segmentos de alimentos e bebidas, plásticos, tecnologia da informação e metais.
Segundo levantamento da ApexBrasil e da Amcham Brasil, os Estados Unidos se destacam como destino de 142 projetos de investimentos greenfield brasileiros entre 2013 e 2023 — o principal destino —, que abrangem praticamente metade dos estados americanos.
Os dados sobre a relação apontam, ainda, quais são os principais produtos do comércio bilateral. Em 2024, o Brasil exportou para os Estados Unidos principalmente óleos brutos de petróleo (14,4%), formas primárias de ferro ou aço (8,8%), aeronaves e outros equipamentos (6,7%), café não torrado (4,7%) e ferro-gusa (4,4%). Dos produtos importados dos EUA, os principais foram motores e máquinas não elétricos (15,2%), óleos combustíveis de petróleo (9,7%) e aeronaves e outros equipamentos (4,9%).
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